Fernanda Fernandes Borges

Fernanda Fernandes Borges

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Humanização de animais, até onde vamos chegar?

 

                                                                                                      Fernanda Fernandes Borges


Desde o dia 12 de março deste ano, cães e gatos de pequeno porte podem ser transportados em ônibus, na cidade de São Paulo. O prefeito Fernando Haddad (PT) sancionou a lei municipal no último dia 11, para atender antigas reivindicações de pessoas de baixa renda que não tinham condições de pagar transporte particular para levar seus animais ao veterinário e aos postos de vacinação.

As regras para que o animal seja levado nos ônibus são: pesar até 10 Kg, ser transportado em caixas especiais de fibra de vidro ou similar; estar vacinado e ser manso. Além disso, o dono não pode levar o bicho em horário de picos das 6 h às 10 h e das 16 h às 19 h. A passagem no valor de R$ 3,50, do cão ou gato deve ser paga, se o proprietário optar por levá-lo em um assento do veículo. Caso viaje no colo, não é necessário o pagamento.

A nova lei trouxe alegria para os donos dos animais, mas indignação de alguns usuários do transporte público. Um passageiro, indagado por uma equipe de TV respondeu: “Agora terei que viajar em pé, para dar lugar para um cachorro?”. A ironia foi maior por parte de  outro: “Se a gata estiver grávida, o assento preferencial será dela?”. A capital paulista tem um trânsito caótico e os ônibus geralmente sempre estão lotados,  por isso se justifica a preocupação desses passageiros.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (ABINPET) o Brasil possui cerca de 100 milhões de pets: cães, gatos, peixes, aves e roedores. A cada três famílias brasileiras, uma possui pelo menos um animal. O país é o segundo maior mercado de bichos de estimação do mundo, ficando atrás dos Estados Unidos.

O segmento pet e veterinário brasileiro faturaram cerca de R$ 15,2 bilhões em 2013, segundo a ABINPET. Em 2014, os lucros ultrapassaram os R$ 16 bilhões. O cão ainda é o animal favorito dos brasileiros. Os gastos são com rações, consultas, roupas, vacinas, produtos específicos como sorvetes e refrigerantes próprios para cães, banho, tosa, brinquedos, acessórios, dentre outros. Há também escolinhas, planos de saúde e hotéis próprios  para cães e gatos.

O que se observa com esse cenário é a tendência que muitos donos têm de humanizar os seus animais. O fenômeno conhecido como “Antropomorfismo” é a humanização dos bichos, ou seja,  a pessoa trata o animal como gente e em muitos casos até como um filho.
 
 
                                                                                                                               Foto: Reprodução


Animais não devem ser tratados com ser humanos

 

O dono do animal não mede esforços e dinheiro para dar uma vida confortável ao melhor amigo. Em muitos casos, essas pessoas acreditam que não necessitam da convivência com outros seres humanos, apenas da companhia do bicho.

A lealdade, a falta de comunicação verbal que impede desentendimentos, as brincadeiras e a dedicação dos cães para com seus donos, incentivam as pessoas a  acreditar que isso é suficiente para suas vidas. Muitos especialistas criticam essa “humanização” e alertam que os bichos não têm condições de substituir a relação do ser humano com as outras pessoas.

Os cães, quando são tratados como gente, muitas vezes, se tornam agressivos em companhia de outros cachorros por não compreenderem bem o que realmente são: animais. Por isso, a pessoa que tem um animal deve tomar bastante cuidado para não humanizá-lo, pois além de prejudicar a si mesma, pode causar problemas psicológicos no próprio bicho.

O mundo em vivemos está bastante modificado. Hoje, muitos preferem gastar muito dinheiro com os animais a ajudar o próprio ser humano. Não existe problema em ter um bicho de estimação, o que se não deve esquecer é a sua real condição de ser irracional.

As trocas de experiências e sentimentos que temos com outras pessoas não podem ser substituídas pelo convívio com animais. Nunca o ser humano se sentiu tão só, como nos dias atuais. Portanto, deve buscar interações pessoais e não apenas virtuais ou com seus próprios pets. É hora de sair do casulo e encarar o mundo real e não animalesco em que muitos têm se inserido como desculpa para a falta de contato com o seu semelhante.